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SÍNDROME METABÓLICA

Em 1988, com a constatação freqüente da associação entre resistência insulínica, intolerância a glicose, hipertensão arterial, dislipidemia e doença arteriosclerótica, Gerald Reaven descreveu uma síndrome que denominou inicialmente de síndrome X. Posteriormente, uma série de anormalidades metabólicas foram sendo acrescidas ao espectro da síndrome e, hoje, a terminologia mais aceita é a Síndrome Metabólica (SM).
Não existe ainda um consenso sobre quais componentes deveriam integrar a sua definição, mas os autores concordam ao afirmar que a SM consiste em transtorno complexo, de etiologia genética e ambiental, caracterizado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular, relacionados com a resistência insulínica e a obesidade abdominal. A SM consiste, portanto, em importante fator de risco para diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e doença cardiovascular aumentando a mortalidade geral em cerca de 2 vezes e a cardiovascular em 3 vezes. Atualmente, estima-se que cerca de 24% da população adulta americana e cerca de 50 a 60% da população acima de 50 anos apresentam SM.
Ainda não existe um critério de definição universal para a SM. Citam-se os três principais critérios da atualidade:

OMS


Em 1998, um grupo de consultores da Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs a denominação de Síndrome Metabólica quando o indivíduo possuir dois ou mais componentes descritos abaixo:
  • DM2, intolerância a glicose ou resistência à insulina;
  • pressão arterial elevada ( >= 140/90 mmHg);
  • triglicérides plasmáticos elevados ( > =150mg/dL);
  • colesterol HDL baixo (< 35 mg/dL para homens; < 39 mg/dL para mulheres);
  • obesidade central (relação cintura/quadril > 0,90 para homens e 0,85 para mulheres) e/ou o índice de massa corpóral (IMC) > 30kg/m2);
  • microalbuminúria (excreção de albumina em amostra noturna > 20 µg/min ou relação albumina; creatinina na urina > 30 mg/g).
  • NCEP


    Em 2001, um grupo de especialistas pertencentes ao Programa Nacional de Educação em Colesterol (NCEP), nos EUA, apresentou outra versão mais prática para a definição da síndrome, baseada nos fatores de risco. Foi sugerido que o diagnóstico de SM seja estabelecido quando estiverem presentes três ou mais dos fatores abaixo relacionados:
  • circunferência da cintura > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres,
  • triglicérides >=150mg/dL,
  • colesterol HDL baixo < 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres,
  • hipertensão arterial >=130/>=85 mmHg,
  • hiperglicemia de jejum >=110mg/dl,
  • IDF


    Recentemente, a Federação Internacional sobre Diabetes (IDF, www.idf.org, maio 2005) sugeriu como critérios:
    1. Obesidade central cujos limites variam conforme a etnia.
  • em europeus: circunferência de cintura >= 94cm para homens e >=80cm para mulheres.
  • em asiáticos: circunferência de cintura >= 90cm para homens e >=80cm para mulheres.
  • em japoneses: circunferência de cintura >= 85cm para homens e >=90cm para mulheres.

  • Observação: África subsaariana e Oriente Médio usam parâmetros europeus; Américas do Sul e Central seguem parâmetros do Sudoeste Asiático.


    Associado a dois ou mais dos seguintes critérios:
    2. Hipertrigliceridemia: > 150 mg/dL ou estar em tratamento específico;
    3. HDL colesterol: < 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres ou estar em tratamento específico;
    4. Hipertensão arterial sistêmica > 130/85 mmHg ou tratamento específico;
    5. Glicemia de jejum > 100mg/dL ou DM 2 diagnosticado previamente.
    Outros critérios metabólicos estão em pesquisa: medida da distribuição abdominal da gordura, características da dislipidemia, métodos de avaliação da resistência insulínica (níveis de insulina, HOMA), avaliação da disregulação vascular, tais como a microalbuminúria, do estado proinflamatório ( proteína C reativa, fator de necrose tecidual, interleucinas) e protrombótico (fatores fibrinolíticos e de coagulação). Esses fatores podem auxiliar na predição de complicações cardiovasculares e DM2.
    Independentemente do critério utilizado a identificação precode da SM e a adoção de medidas terapêuticas adequadas, como: atividade física regular, orientação dietética e, eventualmente, tratamento medicmentoso com drogas que diminuam a resistência insulínica, torna-se imperativo diante do alto impacto da SM na morbi-mortalidade da população mundial.Sociedade Brasileira de Diabetes. In Atualização Brasileira sobre Diabetes - Síndrome Metabólica, 2006, capítulo 2, p. 23-43.



    Fonte: Laboratório Álvaro