Imuno-histoquímica
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A imuno-histoquímica é um método de análise dos tecidos via microscópio, buscando identificar características moleculares das doenças. Tem diversas aplicações, como o diagnóstico de doenças inflamatórias, infecciosas e neoplasias. Também é muito importante para determinação de fatores preditivos e prognósticos no câncer.
Em diversos casos é necessário utilizar o exame imuno-histoquímico, por exemplo, para fornecer dados mais preciosos e individualizados sobre o melhor tratamento e provável evolução do câncer. Esse exame pode auxiliar em diversas situações, tais como o diagnóstico de tumores indiferenciados - definir se um tumor é um carcinoma, linfoma, melanoma ou sarcoma. Como cada tipo de tumor tem um tratamento e evolução diferente, é importante tentar diferenciá-los através da imuno-histoquímica, que vai pesquisar moléculas associadas a diferentes tipos de tumor.
O professor do departamento de patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Venâncio Avancini, ressalta outra importante contribuição da imuno-histoquímica: o diagnóstico de doenças infecciosas e a identificação de antígenos específicos para cada possível agente infeccioso. ?Esse exame é importante especialmente nas condições em que os patógenos não são visualizáveis pela morfologia convencional, que por si só já é resolutiva em numerosas situações em que se identificam plenamente vermes, protozoários, fungos, além de algumas bactérias, sendo possível a caracterização indireta de vírus pelo efeito citopático a que induzem. Outros avanços podem ser obtidos pelo estudo dos padrões de resposta inflamatória do hospedeiro, muitas vezes decisivos na avaliação prognóstica e até na seleção terapêutica?, explica.
Na visão de Venâncio Avancini, o cenário atual da imuno-histoquímica proporciona, pela automação, maior controle na qualidade do processo.
A digitalização das imagens e os softwares computacionais já oferecem a possibilidade de análises quantitativas, várias das quais já geraram pesquisas para validação no contexto clínico?, opina.
Participando do desenvolvimento da imuno-histoquímica nos últimos 34 anos, o professor Venâncio Avancini pontua que a área mais promissora da imuno-histoquímica é a contribuição no conjunto de informes multidisciplinares oferecidos ao médico clínico ou cirurgião para sua decisão da estratégia terapêutica. ?As informações obtidas pelos métodos de imagem e, em especial, pelo detalhado informe dos achados histopatológicos, continuam a ser o eixo das informações, adicionando-se, nos últimos anos, os estudos dos biomarcadores, que, hoje, já são muitos. Na verdade, quase todo novo avanço no conhecimento bioquímico ou imunológico no conhecimento sobre mecanismos de formação e de progressão de doenças traz a possibilidade de identificação de proteínas ou carboidratos modificados que podem servir como antígenos para a produção de novos anticorpos, propiciando assim sua identificação pela imuno-histoquímica, cada vez mais integrada também aos demais métodos moleculares como as Hibridizações in situ, as Reações em Cadeia por Polimerases, sequenciamento gênico e outras?, diz.
O professor ressalta que alguns dos principais focos de contribuição da imuno-histoquímica ao diagnóstico anatomopatológico são a caracterização de linhagens de diferenciação de células tumorais. Ele conta que em recente visita a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o respeitado professor Robert Gillies, da Flórida, conclamou os pesquisadores da área de medicina molecular a valorizar cada vez mais o estudo do fenótipo das doenças, expressão máxima da relação dos produtos de expressão de distúrbios genéticos com as respostas do hospedeiro. ?Tais avanços têm permitido, em conjunto também com os métodos de imagem, identificar com precisão cada vez maior os sítios de origem de neoplasias clinicamente detectadas através de suas metástases?, destaca.
Mais do que nunca os estudos de imagem e as pesquisas laboratoriais morfológicas e moleculares como a imuno-histoquímica oferecem informações de grande valia para as decisões terapêuticas, cabendo ao médico a integração de todos esses aspectos para o benefício de seu paciente.
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Dr. Ricardo Florian Mottin CRF 5.817
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