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Variabilidade biológica na concentração de lipídeos séricos

Os exames laboratoriais constituem uma importante ferramenta auxiliar no diagnóstico, acompanhamento e muitas vezes, na prevenção de patologias. Mesmo controlando as variáveis pré-analíticas e analíticas, o que permite que o laboratório alcance precisão e exatidão nos resultados, ainda existe um importante fator a se analisar: as variáveis biológicas. A variação biológica consiste na variação natural, de ocorrência fisiológica, própria do indivíduo, independente das variáveis pré-analíticas.
O ideal seria que sempre que um exame laboratorial fosse realizado, o valor fosse exatamente o mesmo, desde que a condição fisiológica e/ou patológica do paciente não houvesse alterado. Entretanto, isso não ocorre justamente porque o organismo é extremamente complexo e responde de forma diferente a diferentes estímulos fisiológicos a que é submetido, incluindo os estímulos hormonais. A resposta individual aos diferentes estímulos resulta numa amplitude de variação biológica que oscila entre os indivíduos. Esta complexidade se reflete nas mais variadas determinações quantitativas do laboratório clínico.

Na determinação dos lipídeos séricos há vários fatores pré-analíticos que podem influenciar em suas dosagens, são eles: realização de exercícios físicos, dieta, consumo de álcool, tabagismo, gravidez, stress, etc. Estes aspectos refletirão em valores numéricos diferentes em dosagens sucessivas do mesmo analito lipídico no indivíduo. Existem ainda as variações sazonais, que podem alterar de maneira significativa o ritmo metabólico e alterar os níveis lipídicos. Alguns trabalhos científicos relatam que mais de 65% dos pacientes que realizam uma segunda dosagem de um analito lipídico em um intervalo de uma a duas semanas obtém uma variação superior a 20% em relação ao primeiro resultado. Na maioria dos casos, essas variação estão relacionadas à dieta e consumo de álcool.

O significado clínico destas alterações não tem sido levada em consideração nos consensos médicos para efeito de decisão clínica, mas tem sido evidenciada pela comunidade científica.
Certamente, a avaliação do perfil lipídico deve ser feita sempre levando em consideração a presença das variáveis fisiológicas e, assim, cabe, não só ao laboratório, mas também ao clínico, ressaltar ao paciente a importância de um preparo adequado, não cometendo excessos nos dias que antecedem a realização de seus exames laboratoriais.

Seleção de Informe:
Dr. Ricardo Florian Mottin CRF 5.817
Laboratório Mottin
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REFERÊNCIA
FONTE - Instituto de Patologia Clínica H. PARDINI